Crescer, ampliar vendas e rentabilidade, ganhar mais força e espaço
no mercado são desejos de toda empresa de micro e pequeno porte. Mas
como avaliar se chegou a hora da expansão?
O consultor do Sebrae-SP Reinaldo Messias dá uma orientação que pode
ajudar os empreendedores de qualquer ramo de negócio: “Crescer não
consiste somente em ser melhor que a concorrência e superá-la, mas sim,
por meio da boa gestão, fazer sempre o melhor a cada operação. A tomada
de decisão de crescer dependerá de oportunidades e fatores externos,
mas também do perfil de cada empresário, sendo fundamental planejar
previamente para atingir as metas”, explica.
Messias lembra que quando a economia está aquecida, muitas empresas,
principalmente as que estão saudáveis e no azul, apostam em ganhos que
parecem recompensadores e partem para investimentos em novos mercados,
operações, equipamentos ou instalações. “Muitos creem que apenas o
“feeling” empreendedor basta para tomar a decisão, seja de ampliar a
operação que já existe, abrir uma filial, diversificar e buscar novo
ramo de atividade. Mas crescer exige antes planejar; conhecer a fundo a
operação e os custos operacionais do negócio; estabelecer indicadores
que permitam saber se ele está realmente crescendo (operando com mais
lucro) ou apenas inchando. Um planejamento acertado apontará a real
dimensão dos investimentos a realizar, frente aos resultados que se
espera atingir, e quanto tempo será necessário para conseguir o retorno
do investimento.”
Outro aspecto que merece toda a atenção é a inovação, uma necessidade
para a sobrevivência e expansão do negócio. Inovar nos processos, na
tecnologia, nos produtos e serviços deve fazer parte de qualquer projeto
de expansão. A empresa que inova abre espaço para a geração de receitas
e ganha competitividade.
É importante saber ainda que se paga um preço para crescer, diz
Messias. Para executar o plano de expansão, geralmente serão necessários
recursos financeiros. O investimento pode ser conseguido pela venda e
incorporação de um patrimônio pessoal ou familiar, como um bem móvel ou
imóvel e, neste caso, gerar insegurança. Se a decisão for madura e bem
planejada, este sentimento será logo abandonado frente ao estímulo
positivo do lucro.
Em outros casos, poderá ser necessário o aporte de recursos de um
sócio ou a tomada de crédito bancário. “No caso de financiamento, quanto
mais sólido for o planejamento e suas comprovações, mais facilmente
serão disponibilizados os recursos, e as parcelas poderão ser absorvidas
pelas receitas adicionais geradas. Será preciso avaliar cuidadosamente
as taxas de juros e garantias exigidas pelo banco, e a possibilidade de
geração de lucro mesmo com o pagamento do financiamento.” A depender do
porte da empresa, o planejamento também pode ajudar a conseguir
investimentos por meio da abertura de capital.
“Buscar um sócio que integre capital é interessante, mas pode custar
parte da autonomia que o empreendedor possui para tomar decisões; será
preciso saber se o empresário quer e está pronto para isso. Ele também
precisará avaliar itens como vantagens e riscos de mercado para a
expansão (situação do ramo de negócio, concorrência, situação econômica
local e geral); se o crescimento projetado está em sintonia com as
competências e gestão da sua equipe de trabalho; se vai ser necessário e
como poderão ser efetivadas mudanças na carteira de clientes e
fornecedores.
” Tomar decisões de mudança, diz o consultor do Sebrae, exige que o
empresário se sinta realmente liderando o processo evolutivo de seu
negócio, e pensando não só em ações, mas em estratégias que levarão ao
efetivo crescimento da empresa.
Estratégia e senso de oportunidade ajudaram a empresária Nathália
Freitas. Sócia de uma loja inaugurada há 27 meses, inicialmente como
multimarcas, no Tatuapé, na capital, em menos de um ano ela ampliou o
negócio, coordena uma equipe de sete funcionários e decidiu abrir uma
confecção para produzir as peças que levam sua marca.
“Nosso principal fornecedor não dava conta de nossos pedidos, e
percebemos espaço para crescer no mercado com um trabalho diferenciado.
Hoje eu mesma crio as nossas estampas. A maioria de nossas vendas, como
já tínhamos planejado desde a abertura da empresa, tem origem em
contatos feitos com os clientes nas redes sociais, e nosso foco mudou do
varejo para o atacado”.
Mudando para sobreviver
Para as micro e pequenas empresas (MPEs) que não vão bem ou se
encontram estagnadas, o conselho do consultor do Sebrae-SP, Reinaldo
Messias, é encarar sem medo a situação do negócio, fazendo um raio X e
um planejamento, que tanto poderão levar a mudanças ou expansão como à
decisão de vender a empresa - enquanto ainda há chances de recuperar o
total ou parte do capital investido. Messias faz uma lista dos
principais problemas a eliminar quando se decide que é hora de mudar e
de se comprometer com a profissionalização da gestão.
Práticas que prejudicam a empresa
2. Falta adequação ao planejamento operacional, custeio e acompanhamento de gastos para cada pedido executado.
3. Há baixo grau de divulgação e comunicação da empresa com mercado e clientes.
4. Houve perda de credibilidade dos clientes em função de atrasos e/ou entregas incompletas.
5. Falta foco de atuação e padrão de qualidade sintonizado com o mercado.
6. A empresa tem baixa produtividade, ocasionada por equipamentos
obsoletos e mão de obra despreparada. Inovar e treinar pessoal são
reações fundamentais.
7. A gestão mistura negócios da empresa com os negócios da família.
8. Faltam ações para melhoria, retenção e valorização de profissionais e colaboradores.
9. Faltam ações para apuração e eliminação de desperdícios nos processos empresariais.
10. A desorganização é evidente nas operações da empresa; permeia a administração e chega ao atendimento a clientes.
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